30 Dias
Colecionador > Parte 4
Sergio Valério
A Felicidade está na
simplicidade como conduzimos as nossas vidas. Júlio César agora sabe muito bem
desta verdade e exatamente por isso, é uma pessoa feliz.
Ele trabalhou durante a
maior parte da sua vida em busca do sucesso profissional, virou noites e mais
noites debruçado em seu trabalho, disputou com vigor os espaços com aqueles que
concorriam com ele e, de repente, se flagrou deitado em um leito de hospital,
preso a um soro que parecia cada vez mais interminável.
Foram trinta dias que
valeram mais do que todos os livros que leu, todos os cursos e palestras que
participou, pois fizeram com que Júlio César tivesse a correta dimensão do que
estava sendo a sua vida.
Os familiares pareciam
não mais existir para ele durante todo este tempo, pois a fome de trabalho
consome mais do que alimenta, se for em excesso.
Novos amigos ele não
tinha tido tempo de colecionar e os antigos se perderam na distância deste
mesmo tempo onde ele mergulhou como uma pedra até o fundo do mar, em busca
talvez do brilho mentiroso do sucesso.
Animais ele não os
havia tido porque não havia tempo para se dedicar a eles e daquele primeiro
cãozinho, presente dos seus pais, quando ainda era uma criança, ele havia
esquecido até o nome.
Foram trinta dias por
causa de uma operação que se fez necessária e que veio aparentemente do nada,
porém explicada pelo médico em razão de uma vida regada a alimentos gordurosos
e sem tempo nem para simples caminhadas.
Os tais trinta dias
pareceram séculos para o executivo Júlio César que, finalmente, aprendeu a
lição. Hoje ele continua trabalhando, mas consegue dividir melhor o seu tempo
entre a família, os amigos, o trabalho e o seu querido cão Rex.
Se você passar por um
certo parque na capital paulista, qualquer final de tarde destes, verá Júlio
César e Rex brincando e correndo, felizes.
A Vida é simples. Júlio
César precisou de 30 dias para aprender. Será que algum de nós precisará de uma
vida inteira para aprender esta simples lição?