Uma História de Natal...
Colecionador > Parte 3
Sergio Valério
Juvenal
estava atrasado para o trabalho, pois o despertador não havia tocado. Ele mal
tomou o seu café e já abria a porta de sua casa, quando se deparou com um
cãozinho que estava em uma caixa de papelão.
A primeira reação foi
deixar o filhote ali mesmo na calçada, porém nem bem havia dado alguns passos
em direção ao ponto de ônibus, algo em seu coração o fez voltar atrás e olhar
mais uma vez para o cachorrinho.
O filhote ainda estava
adormecido e o vento frio batia no rosto de Juvenal, mostrando que o sol não
apareceria naquele dia e se alguém não cuidasse daquele filhote, provavelmente
ele não sobreviveria.
Juvenal olhou as horas em seu celular, pensou
consigo mesmo e resolveu passar a sua mão na cabeça do cãozinho.
Ele era muito bonito e
quando sentiu o toque da mão de Juvenal, abriu os seus olhos como se dissesse:
Bom dia!
Juvenal
sorriu, retribuindo o olhar carinhoso do cachorrinho e o pegou no colo. Naquele
momento, nem pensou no seu chefe que, com certeza, chamaria a sua atenção por
mais um atraso.
Duas
quadras de sua casa havia um pet shop e para lá foi Juvenal, levando o filhote
no colo, para uma avaliação do médico veterinário. Vacinas dadas, recomendações
recebidas, Juvenal voltou para a sua casa, colocou um prato de ração e um
recipiente com água para o filhote e só depois então, ligou para o trabalho
avisando que chegaria um pouco mais tarde.
Do
outro lado ouviu palavras desagradáveis do chefe, mas desta vez não se
importou, apenas disse o que precisava dizer e desligou, sentando-se no sofá
para olhar o cãozinho.
Na
loja ao lado, uma canção de natal tocava e Juvenal sentia-se em paz, afinal de
contas, o espírito de Natal o envolvia, a ponto de deixar claro uma verdade que
tantas vezes esquecemos:
-Tudo
pode esperar, menos a Vida.