As latas do Natal
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Sergio Valério
Mariano recolheu mais
uma lata vazia na rua e sentou-se na calçada. Já se passavam 12 horas antes da
primeira lata que ele havia recolhido e o homem precisava descansar um pouco.
As luzes da cidade
estavam mais acesas do que nunca, afinal de contas, era Natal.
Mariano nem se lembrava
mais o que era passar um Natal em família, pois desde que viera de sua terra,
perdera o contato com todos os seus.
20 longos anos se foram
e o sonho de realização na capital havia
se transformado em apenas um sonho e nada mais. Agora a luta era apenas para
sobreviver um dia após o outro.
De repente, Mariano sentiu
um toque em sua perna e virou-se rapidamente. O cachorro olhou fixamente para
os olhos de Mariano e parecia sorrir. O homem não resistiu e sorriu também.
Mariano ergueu-se,
apoiou as mãos em sua carroça e seguiu seu caminho em busca de mais uma lata.
O cachorro o acompanhou
e se alguém tivesse visto a cena, juraria ter visto uma pequena e diferente luz
que iluminava o caminho por onde iam os dois.
Poderia ser quem sabe,
uma nova estrela trazendo o nascimento de uma nova e grande amizade, talvez a
verdadeira razão daquilo que se chama de Espírito de Natal.