A Final da Copa!
Colecionador > Parte 1
Sergio Valério
Chegou o dia da partida final da Copa.
Viúvo, sem filhos, Zé do Boné era louco por futebol e pelo seu cão, Naldinho. Vendendo bonés no litoral, ele vivia feliz ao lado do vira-lata, desde 2002.
Ele conhecera seu amigo no dia da final da Copa de 2002. Zé do Boné estava na praia e havia vendido o seu último boné verde-amarelo. Ele se preparava para voltar para casa quando encontrou o cachorro que havia sido atropelado.
Zé do Boné não pensou duas vezes, pegou o cão em seu colo e foi direto procurar um veterinário, que conseguiu salvar a vida do animal.
Quando ele chegou em casa, ainda pode assistir ao lance que garantiu o nosso título, o gol de Ronaldo, aos 34 minutos do segundo tempo. Quando a bola entrou, ele olhou para o cãozinho e disse:
- Seu nome será Naldinho! Você trouxe sorte para mim e para o Brasil!
Passados 11 anos, o animal continuava sendo o seu grande amigo e agora Zé do Boné, que havia conseguido comprar um ingresso, levaria o seu cão para assistir, com ele, a final da Copa.
Com a sua camisa verde-amarela, lá se foi Zé do Boné com Naldinho para o Rio de Janeiro, como caronas no carro de uma família de cariocas que conhecera na praia.
Chegando ao estádio, ele entrou na enorme fila. Pacientemente esperou a sua vez, com o cão devidamente na coleira. Quando chegou a hora de apresentar o bilhete, o moço disse:
- O senhor pode entrar, mas o cão, não!
Zé do Boné argumentou. Disse que Naldinho era o seu grande amigo e que ele traria sorte ao Brasil. Se Naldinho entrasse para assistir ao jogo junto com ele, seria vitória certa!
Nenhum dos argumentos convenceu quem recebia os ingressos.
Zé do Boné disse solenemente:
- Se o Naldinho não entrar, eu também não entro! Falou e se dirigiu a um homem que, maltrapilho, pedia esmolas. Tocou em seu ombro e disse:
-Toma o ingresso, meu amigo. Assista ao jogo do nosso Brasil!
O homem pareceu não entender nada, mas abriu o seu mais lindo sorriso de apenas poucos dentes e foi direto para a fila.
O Brasil ganhou o jogo. Fomos campeões.
Dentro do estádio, o homem com suas roupas rasgadas se tornava novamente um menino cheio de sonhos.
Naldinho e Zé do Boné, fora do estádio, vibraram quando a torcida explodiu com os gols brasileiros! Naldinho latiu como nunca!
Zé do Boné estava feliz. Se assistir ao jogo era importante, estar ao lado do amigo era muito mais.