Mais um fim de ano...
Colecionador > Parte 2
Sergio Valério
Quando a porta do quarto se abriu, Nininha correu em direção à cama de sua dona. A mulher de cabelos brancos sorriu ao ver a sua querida cachorrinha vir ao seu encontro.
A filha de Estela também sorriu, pois sabia o quanto a visita de Nininha faria bem à sua mãe. Lá ficaram as três por algum tempo, felizes, simplesmente.
Era uma família. Estela estava com 72 anos de idade, Cleide, sua filha, com 43 anos e Nininha com 10. Alaor, o marido de Estela já não estava com elas há bastante tempo e deixara muitas saudades, pois tinha sido um homem muito bom, que amara com toda a sua alma, as três.
Estela estava se restabelecendo, depois de enfrentar um sério problema de saúde e depois de um certo tempo no hospital estava de volta para casa.
Nininha estava agitada, queria pular na cama, de tanta alegria! Cleide brincava com a cachorrinha para distraí-la e as luzes que vinham da árvore de natal piscavam como se também quisessem participar da festa...
Lá fora, as pessoas passavam para lá e para cá, enfim, estavam chegando as festas de final de ano e era preciso comprar os presentes de natal.
Um homem carregava uma sacola onde provavelmente estariam lembranças para a sua família ou talvez para amigos, ou ainda para os colegas de empresa.
Uma mulher, segurando a mão de uma menina, conversava com ela animadamente, mostrando as vitrines das lojas, onde papais noeis balançavam a cabeça, enquanto músicas alegres tocavam os corações de quem as ouvia.
Nininha era uma linda vira-lata que havia entrado para a família depois de ser escolhida por Estela em uma feira de adoção que acontecia aos sábados em um pet shop, na Marginal Tietê, em São Paulo.
O coração de Nininha pulsava mais rápido porque ela estava revendo sua querida dona, depois de uma ausência que ela não entendera bem o porquê de ter acontecido.
Cleide estava muito feliz por ter sua mãe novamente em casa. Ter a sua mãe ao seu lado era um presente de Deus!
Nas ruas em volta do prédio onde esta família morava, cães que andavam soltos pelas ruas eram recolhidos por uma ONG que fazia um trabalho muito bonito de buscar lares para todos eles.
Em algum lugar, o Criador estava muito contente. Por Estela, por Cleide, por Nininha, pelo homem com sua sacola de presentes, pela mulher com a sua filha, pelos voluntários daquela ONG e pelos cães que poderiam vir a ter um lar.
De onde estava, uma lágrima rolou em sua face. Deus, com certeza, neste momento também chorava. Desta vez, era de pura alegria!