A cachorrinha - Jornal Animal

Ir para o conteúdo

A cachorrinha

Colecionador > Parte 4
Sergio Valério
 
Maria Clara ouviu o despertador tocar, olhou para o relógio e pulou da cama. Estava super atrasada.  A rotina da manhã teve que ser apressada, pois ela estava trabalhando há apenas um mês e não queria chegar atrasada.
Do ponto de ônibus onde estava, Maria Clara viu, do outro lado da rua, uma cachorrinha. Ela tinha toda a aparência de sofrimento que todos os cães de rua têm.
Maria Clara olhava para os ônibus que vinham e enquanto não chegava o seu, voltava o olhar para a cachorrinha. Foi exatamente em um destes momentos que Maria Clara notou que a cachorrinha aparentava estar grávida.
O ônibus que levaria Maria Clara ao trabalho apontou na esquina, ela acenou e se preparou para entrar quando ele estacionou no ponto, porém algo a fez mudar de idéia.
A imagem daquela cachorrinha havia ficado tão forte em sua mente que ela resolveu deixar o ônibus passar.
A rua ficou novamente livre e Maria Clara a atravessou, indo ao encontro daquela cachorrinha. Ela se aproximou, agachou-se, passou a mão na cabeça da cachorrinha que, por sua vez, deitou-se de bruços, oferecendo a sua barriga para ser afagada.
Os olhos de Maria Clara brilharam e ela não teve dúvidas, parou o primeiro táxi que passou e rumaram as duas, mulher e cachorrinha para a Clínica Veterinária mais próxima.
A Marginal do Tietê estava, como sempre congestionada, porém por uma inexplicável razão, os carros pareciam abrir caminho para aquele táxi.
Horas depois, lá estava Maria Clara ao lado da cachorrinha e dos seus três filhotes. O sorriso nos lábios da moça mostravam a alegria de ver a cachorrinha mãe, que parecia até sorrir.
À noite, quando Maria Clara chegou em sua casa, encontrou Marcos, seu marido, sorrindo com um envelope na mão. Os dois nem precisaram dizer nada, apenas se abraçaram e choraram de felicidade. Depois de muitos anos de espera, Maria Clara estava grávida, de trigêmeos.
Editor: Sergio Valério
Voltar para o conteúdo