Profa. Marcia Lima - Jornal Animal

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Profa. Marcia Lima

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A Professora Marcia Lima, médica veterinária dermatologista, nos traz importantes informações sobre a saúde dos cães, em especial quanto à dermatite atópica que pode acometer os nossos pets.
Ela, que mora atualmente em Évora, em Portugal, onde se dedica ao doutorado, também nos fala de seus animais.
 
1. O que a levou a estudar Medicina Veterinária?
R. Sempre gostei de animais e por isso quis estudar medicina veterinária. Depois de graduada me apaixonei pela dermatologia de cães e gatos e pela alergologia, devido ao raciocínio investigativo que essa área requer.

2. Você poderia nos explicar quais são as características da dermatite atópica de cães e quais são as formas de se recuperar a saúde desses cães?
R. A dermatite atópica de cães é uma alergia capaz de inflamar a pele e os condutos auditivos, causando coceira, otite e redução da qualidade de vida do paciente. Por ser uma alergia, é herdada dos pais, de forma genética e não tem cura. Para manter a qualidade de vida dos pacientes são necessários exames dermatológicos, acompanhamento com especialista e uma rotina de tratamento preventivo, como hidratação das áreas atópicas, por exemplo, para o resto da vida do cão.
 
3. Onde você trabalha atualmente? Em que cidade e país?
R. Acabei de me mudar para Évora, em Portugal, para me dedicar ao doutorado. Apesar de residir lá, retorno ao Brasil a cada 3 meses, para acompanhar os atendimentos dermatológicos dos pacientes que encaminhei para meus alunos no Rio de Janeiro e também para dar as aulas de pós-graduação de dermatologia em várias cidades no Brasil.
 
4. Você teve animais de estimação em sua infância?
R. Sim, meu primeiro cão se chamava Lupi, um vira-latas adotado da rua, veio cheio de carrapatos ainda filhote. Meu companheiro de muitos anos. Depois dele, tive vários cães e também gatos.
 
5. Atualmente você tem animais de estimação?
R. Sim. Atualmente, tenho dois gatos sem raça definida, um macho, chamado Batman, de 13 anos e uma fêmea tricolor, sem raça definida, que se chama Tália. São uns amores. Recém mudei para Portugal e levei os dois comigo na cabine do avião. Não imagino minha vida sem os dois.
 
6. O que os governos dos países ainda não fizeram e que precisaria ser feito em relação à proteção e cuidados com os animais?
R. Muitas coisas ainda são necessárias, mas acredito que uma grande campanha educativa de conscientização de posse responsável ajudaria muito a melhorar a vida dos animais. Campanhas de adoção, de controle de natalidade dos animais abandonados, de microchipagem, para identificação dos pets e responsabilização dos tutores em caso de maus tratos, enfim, muitas coisas.
 
7. Como se deve cuidar de cão?
R. Essa pergunta é muito abrangente, mas acho que a principal orientação seria a prevenção. Quem tem um cão deve procurar um médico veterinário para se informar a respeito das medidas preventivas para a saúde do animal, como vacinação anual, microchipagem e controle de ectoparasitas (pulgas, carrapatos), por exemplo.
 
8. Como o tutor pode auxiliar na prevenção da Dermatite atópica de cães?
R. A principal medida é castrar ou não reproduzir os portadores dessa alergia. O cão atópico será alérgico por toda a vida. Seu tutor precisará procurar um especialista e comparecer pontualmente nas datas recomendadas, para repetição dos exames de triagem dermatológica, garantindo que não há infecções oportunistas na pele do animal - o que é frequente de ocorrer e piora muito o desconforto causado pela alergia. Além disso, é muito importante seguir as recomendações dadas pelo médico veterinário. O que mais vejo no consultório é o cliente afirmar: "Não fiz o remédio porque não vi pulgas, Dra!", esquecendo-se de que foi informado, durante a consulta, de que o cão atópico que reside no Brasil tem grande possibilidade de fazer crise alérgica após o contato com apenas uma pulga que seja. Assim, mesmo não vendo infestação, sem o antipulgas adequado, o cão atópico pode permanecer em crise alérgica o ano todo.

09. O que você, como médica veterinária, gostaria de dizer para os internautas da web revista Jornal Animal que gostam tanto de serem tutores dos seus pets?
R. Minha mensagem para os tutores é: sejam responsáveis por seus pets. Passear sem a coleira, perder o prazo das vacinas, deixar ter carrapatos para depois usar um antiparasitário, fazer medicação indicada por vizinhos e balconistas de pet shop, sem orientação de um médico veterinário, recusar a realização dos exames diagnósticos sugeridos, tudo isso são práticas comuns na nossa sociedade, que contribuem para a má qualidade de vida dos nossos pets. Sejam responsáveis.
 

Professora Marcia Lima - Graduação em medicina veterinária na UFRRJ, pós-graduada em Homeopatia pelo IHB, em dermatologia vet na Universidade Anhembi Morumbi SP, mestrado com ênfase em dermatite atópica canina pela PUCPR, atendimento volante de dermatologia, alergologia e otologia de cães e gatos no RJ e atualmente professora de pós-graduação em dermatologia veterinária da FACESPI/ Instituto Qualittas de Pós-graduação. Idealizadora do curso Dermato Vet Online e sócia da Sociedade Latinoamericana de Dermatologia Veterinária e da Sociedade Europeia de Dermatologia Veterinária.
Editor: Sergio Valério
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