Silmara Marcon - Jornal Animal

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Silmara Marcon

Seções > Entrevistas > Criadores
Silmara Marcon é criadora da raça Shih Tzu na empresa Canil Von Di Pietro, em Pindamonhangaba.
Nesta entrevista para a nossa web revista pet Jornal Animal, ela nos conta um pouco da sua trajetória de vida e nos explica também os conceitos para a criação de um bom canil.

1.   Silmara Marcon, quando surgiu a ideia de criar um canil?
R. Surgiu em 2008, quando era recém-casada. Eu e meu marido resolvemos ter uma filhote da raça shih tzu. Infelizmente, a experiência não foi tão feliz. Éramos inexperientes e não pesquisamos a procedência do canil. A filhote veio com muitos vermes e não se alimentava de forma nenhuma. Levávamos ela diariamente ao veterinário, que fazia aplicações de soros e vitaminas, mas por ter sido gerada em meio a tanta verminose, não resistiu. Ficamos arrasados! Foi muito difícil. Já a amávamos. No dia seguinte falei que, se um dia fosse criar, não iria permitir que ninguém passasse o que tínhamos passado, mas confesso que foi dito sem pretensão.
Cerca de dois meses depois adquirimos outro filhote, agora um macho saudável, nosso companheiro até hoje.
Realmente já estávamos fascinados pela raça e a vontade de criar um canil aumentando, porém sabíamos que precisávamos estudar bastante para fazer com responsabilidade e conhecimento.
A abertura do canil se deu no ano seguinte, em outubro de 2009.

2.   Como é o dia-a-dia em um canil? Quais são as maiores dificuldades encontradas?
R. Absolutamente todos os dias, os ambientes tem que ser lavados e higienizados. Isso implica sábados, domingos e feriados. Banhos e pulverizações ambientes, semanais. Além disso, vermifugações, consultas veterinárias, vacinações, fazem parte da rotina.
A maior dificuldade, sem dúvida nenhuma, é a atenção individual, o “olhar” mesmo. É necessário sempre estar atento a cada um, se houve mudança de comportamento, pois essa é a maneira que um bichinho manifesta que algo não está bem.

3.   Os canis se especializam em apenas uma raça ou podem existir diversas raças em um canil?
R. Ao meu ver, o ideal é que o canil se especialize em uma raça para que aprenda as particularidades e o manejo da criação. Depois, com muito estudo, poderá ir partindo para outras, porém é necessário destacar que, qualquer raça escolhida, tem que ter a identificação do criador. Não tem como ter uma boa criação, sem essa ligação, não flui.
Estamos há oito anos criando a raça shih tzu e para o ano de 2018, iniciaremos a criação do buldogue francês, pug e yorkshire.

4.   Você se lembra de um fato marcante que aconteceu em seu canil?
R. Vários. Falar do Canil Von di Pietro, suas lições e lembranças, sempre é motivo de muita emoção. Aprendo todos os dias com as nossas crianças, eles são mestres no quesito amor. Aprendo com os clientes. Vi pessoas saírem de depressões profundas, crianças radiantes com a chegada de um membro em sua família, pessoas que antes gostavam de cães e hoje são apaixonadas pelo nosso filhote, pessoas extremamente emocionadas quando recebem seus filhotes, senhores aposentados que ficaram mais ativos, enfim, grandes momentos. Como sempre falo, a criação é o meu maior orgulho, tem um pedaço meu, fazendo lares mais felizes. Isso é imensurável.

5.   O que é preciso para se ter um canil?
R. Primeiramente muito amor, dedicação e responsabilidade. É ter plena consciência que a sua vida social ficará bastante comprometida. Estudar bastante sobre a raça escolhida, suas características, particularidades, linhagens, reprodução, melhoramento genético para aperfeiçoar a qualidade e a beleza dos filhotes. Como sempre digo, não é só ter um casal bonito, vai bem além disso. Tem que estudar (e muito). Também se faz necessário ter registro em instituições especializadas em cinofilia. Atualmente, o Canil Von di Pietro é filiado a três.

6.   Conte-nos sobre os animais que você teve em sua infância. Como eles se chamavam e como eram?
R. Madras, uma basset hound, sair no carro com ela era divertidíssimo, tínhamos que colocá-la em duas etapas, por ser comprida. Seu apelido era Salsicha. Anne, super esperta e feliz. Viveu conosco 15 anos, acompanhou vários momentos.
Rony, cópia fiel do gato Garfield, preguiçoso e guloso. Lana, nossa princesa, nos acompanhou longos anos, adorava o quintal e passear nas calçadas dos vizinhos. Minha infância foi mais feliz ao lado deles, certamente eles e meus pais foram os responsáveis pela sementinha de amor e que hoje me tornou essa criadora que literalmente irradia amor.

7.   Atualmente você é tutora de algum animal?
R. Temos os shih tzus, são extremamente dóceis e companheiros. Temos a Eugênia, nossa primeira matriz de buldogue francês. Ela é divertida e brincalhona. Casal de rottweilers, Any e Thor, superprotetores e leais.
Temos outros cães e gatos, sem raça definida, castrados. Somos cercados desses anjos maravilhosos que extraem os nossos sentimentos mais nobres.

8.   O que os animais significam para você?
R. Essência do amor. O mais puro e verdadeiro amor. Eles nos amam verdadeiramente pelo que somos e não pelo que temos. Pra mim é completamente impossível não se tornar um ser humano melhor quando realmente entramos nesta atmosfera.

9.   O que você ainda não realizou e que gostaria de fazer no segmento pet?
R. Recentemente eu lancei a Boutique Virtual Von Di Pietro com artigos para pets. Era um projeto antigo.
Ainda está modesta por ser nova, futuramente estará como planejado.
Eu acredito que o sonho de qualquer bom criador seja que seu trabalho seja valorizado e que o cliente ao procurar entenda que tem muito trabalho, dedicação e custos atrás de um lindo e saudável filhote.
Não vise somente preço. A escolha de um filhote sem cuidados pode ser uma experiência traumatizante. Infelizmente, nem todos os criadores tem tamanha responsabilidade.

10. Que mensagem você enviaria para o (a) internauta da nossa web revista Jornal Animal que está lendo a sua entrevista?
 
R. Primeiramente gostaria de agradecer a oportunidade de estar aqui e contar um pouco sobre a nossa trajetória. Agradecer meu marido por ser tão companheiro, nossos clientes pela confiança e nossas veterinárias por todo o cuidado com nossa grande família. A mensagem que gostaria de deixar é que não desistam de seus sonhos, lutem e se dediquem a cada um, incansavelmente.
Dificuldades surgem, impossível elas não surgirem, mas cabe a nós, as superarmos.
Hoje estou realizando um de poder estar contando o motivo de maior orgulho da minha vida que é o Canil Von Di Pietro.
 

 
Editor: Sergio Valério
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